terça-feira, 27 de novembro de 2012

Prazos e normas para publicação nos anais do evento

Prazo máximo para envio dos artigos das comunicações: 22/12/12

As normas de formatação podem ser consultadas no seguinte endereço: <https://docs.google.com/open?
id=0B0h2JC-Dv8blbUkxS090dnZmRU0>.

Os artigos devem ser enviados para o seguinte email: vcoloquiosuldelitcomparada@gmail.com


A responsabilidade pela revisão e adequação às normas é de cada autor!

Entrevista com Eduardo Assis Duarte


Por Fábio Prikladnicki, no Zero Hora
Duarte é um dos organizadores da antologia ‘Literatura e Afrodescendência no Brasil’
Professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Eduardo de Assis Duarte é organizador, ao lado de Maria Nazareth Soares Fonseca, de Literatura e Afrodescendência no Brasil (Editora UFMG), antologia em quatro volumes de autores negros brasileiros, finalista do Prêmio Jabuti 2012 de crítica e teoria literária. A obra foi lançada em 2011, teve sua tiragem esgotada e voltará às livrarias em 2013. Duarte abre, nesta segunda-feira (8/10), o 5º Colóquio Internacional Sul de Literatura Comparada, realizado na UFRGS. Ele conversou com a reportagem por telefone, de Minas Gerais.
Zero Hora — Em que contexto surgiu, no país, a pesquisa sobre a literatura de autores negros?Eduardo de Assis Duarte — Iniciamos nossa pesquisa em 2001 e só conseguimos publicá-la em 2011. No entanto, houve iniciativas anteriores, na década de 1990 e até na de 80. A partir dos anos 1980, a literatura brasileira busca outros rumos, e a crítica apenas acompanha. Houve, nos últimos 30 anos, uma diversidade de projetos na produção brasileira que aponta para o esgotamento do projeto modernista de 1922 e que persistiu no chamado alto modernismo, do qual são exemplos a poesia de João Cabral, a ficção da Clarice Lispector, do Guimarães Rosa. Hoje, não temos a ideia de uma cara única para a literatura brasileira, como tivemos em boa parte do século 20. O que se nota na contemporaneidade é a preocupação com um vetor, digamos, comunitário, e não mais nacional. São vários segmentos, muitos deles alijados do poder cultural, que buscam formas de expressão. Temos a escrita das mulheres, a escrita afro, a produção cultural do segmento homoafetivo. São projetos pós-nacionais, para além do critério de nação.
ZH — Os pesquisadores brasileiros demoraram para se debruçar sobre a literatura de autoria de negros?Duarte — Sim. Há uma questão cultural que remonta a séculos anteriores. Nenhum país passa por mais de 300 anos de escravidão impunemente. Essas cicatrizes ficam, tanto do lado das vítimas quanto do outro lado. Até hoje, dentro da academia, muitos colegas acham que só existe uma literatura: é a literatura brasileira e ponto final. Se é de autoria afro ou feminina, não tem importância para eles. A questão ainda é muito polêmica. O viés da literatura afro não apenas demorou para começar no Brasil, em relação a outros países, como ainda não é consensual. Costumo dizer que a literatura afro-brasileira é um conceito em construção.
ZH — Como está organizada a antologia?Duarte — É um trabalho coletivo. Mapeamos o Brasil todo, região por região, estabelecendo parcerias com colaboradores locais. Participaram 61 pesquisadores de 21 universidade brasileiras e sete estrangeiras. Trata-se de uma antologia crítica. Claro que toda antologia é critica, porque você faz uma seleta de autores, mas essa é ainda um pouco mais crítica. Tome como exemplo o poeta gaúcho Oliveira Silveira. Há um artigo, assinado pela professora Zilá Bernd, que fornece informações biográficas; depois, vem uma apresentação da obra dele, a relação de todos os livros que publicou, uma lista de todas as fontes de consulta existentes sobre esse escritor, para que o estudante possa aprofundar sua pesquisa, e apenas ao final surgem os textos de autoria do Oliveira Silveira. Cada escritor é contemplado com esse conjunto de informações antes de o leitor ter acesso aos poemas, contos ou trechos de romances.
ZH — Entre os cem escritores que aparecem no livro, quais são os mais surpreendentes?
Duarte 
— Há um escritor do Maranhão, Nascimento Moraes, que tem um romance publicado em 1915, chamadoVencidos e Degenerados. Destoa completamente de tudo que se falaria, no século 20, sobre a escravidão. É um retrato cru e realista. O livro começa no dia 13 de maio de 1888. Mostra cenas do passado escravocrata e do período após a abolição, como a escravidão tenta sobreviver sob a forma de racismo, baixos salários, ausência do negro nas instituições de ensino. A impressão que se tem é que Gilberto Freyre, quando escreveu Casa-Grande & Senzala, em 1933, quis responder ao romance do Nascimento Moraes. Gilberto Freyre coloca uma escravidão quase sem atritos, não fala das revoltas quilombolas.
ZH  Outros exemplos?
Duarte 
— Outra descoberta interessante foi o poeta baiano Aloisio Resende, que pouquíssimos conhecem. Sempre ficou restrito ao local onde vivia, Feira de Santana, nos anos 1930. Naquele momento, Jorge de Lima fazia(o poema) Essa Negra Fulô, uma mulher sem-vergonha, repetindo os chavões do tempo da escravidão. Pela primeira vez no século 20, tivemos um poeta, como Aloisio Resende, colocando a mulher negra em um papel de absoluto respeito, inclusive falando das mães de santo.
ZH  Que novas abordagens a pesquisa proporcionou sobre autores consagrados?
Duarte 
— Ao mesmo tempo em que foram canonizados, estes autores foram embranquecidos. O cânone insiste em dizer que Machado de Assis não falou da questão do negro. Falou, sim. Era sócio de um jornal abolicionista, a Gazeta de Notícias, no Rio de Janeiro. Usou 23 pseudônimos para atacar a escravidão na imprensa. Em sua obra de ficção, não há qualquer linha que fale de raça superior ou inferior. Tive a oportunidade de preparar, em 2007, uma antologia só de textos dele sobre o tema (Machado de Assis Afrodescendente). Deu 300 páginas, para se ter uma ideia. O caso de Cruz e Sousa é outro desvio horrível. Em geral se lê apenas seus dois primeiros livros, Missal e Broquéis. As obras mais estudadas desses autores são justamente aquelas em que a questão do negro não tem tanto destaque.
ZH  Qual sua posição no que diz respeito à polêmica sobre Monteiro Lobato?
Duarte 
— Esse assunto está sendo explorado politicamente. Em 2010, às vésperas da eleição presidencial, várias pessoas, intelectuais, apoiadores do candidato que perdeu foram para a imprensa esbravejar que alguns queriam censurar Monteiro Lobato. Agora, próximo das eleições municipais, o assunto volta à baila. Não tenho a menor dúvida de que a obra de Monteiro Lobato possui conteúdos racistas. Ele era racista. Esse é um ponto. Além disso, era um grande escritor. Então, estamos diante de um paradoxo. Não acho que seja motivo para censura. O problema de Lobato é um pouco mais sério porque ele está voltado para as crianças. A solução que eu daria é: tem que ler em sala de aula, sim, e fazer uma discussão.
ZH  O preconceito de Monteiro Lobato era produto de seu tempo?
Duarte 
— Isso é uma tentativa de amenizar a questão. Todo pensamento é produto do seu tempo, mas isso não elimina o problema. O texto continua existindo com conteúdos racistas. Dizer que o racismo era moda, na época, é tentar justificar atitudes semelhantes nos dias de hoje. Não era unânime; dizia respeito a um segmento da população, que inclusive se posicionou a favor da Alemanha durante a Guerra. Alguns dizem que era normal, na época, chamar uma personagem de “macaca de carvão”. Não sei se era tão normal. Vejo isso apenas nos livros do Lobato. Não vejo nos livros de Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Prazo e normas para envio do artigo

Em breve disponibilizaremos as normas e o prazo de envio dos artigos para publicação nos anais do evento!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Inscrição para ouvintes

Inscrição de Ouvintes (com certificados e com direito a Minicurso)
Alunos de Graduação: R$ 25,00
Alunos de Pós-Graduação e Professores: R$ 50,00
Pagamento: depósito bancário no Banco do Brasil, agência 1899-6, conta poupança 40.937-5, que está em nome de Rita Lenira F Bittencourt. (guardar comprovante para apresentar na retirada do material)
Retirada do material: dia 08/10/2012 - Das 8h às 9h - Auditório do ILEA
Vagas Limitadas!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

COMUNICAÇÕES



Comunicações coordenadas

Mesa 1: Ficções de alteridade – Dia 08/10, segunda-feira, das 11h30min às 13h. Local: auditório ILEA
Coordenadora: Gilda Neves da Silva Bittencourt
“Alteridade nos contos de Milton Hatoum” – Gilda Neves da Silva Bittencourt (UFRGS)
“Identidades latino-americanas sob a força motriz do deslocamento sociocultural” – Leoné Astride Barzotto (UFGD)
“Cidades heroicas e suas covardias históricas” – Carlos Garcia Rizzon (Unipampa)
“As musas de Claudel e Virgílio” – Rodrigo de Lemos (UFCSPA)
“A reconfiguração do centauro dos pampas na narrativa gauchesca de Silvina Ocampo” – Rafael Eisinger Guimarães (UFRGS)

Mesa 2: Tradução – Dia 09/10, terça-feira, das 11h30min às 13h. Local: auditório ILEA
Coordenadora: Sara Viola Rodrigues
“Literatura, Tradução e Caleidoscópio” – Sara Viola Rodrigues (UFRGS)
“Tradução literária e seus desdobramentos: aspectos culturais e narratológicos da versão para o inglês de Contos de Belazarte de Mário de Andrade: terceira etapa” – Rosalia Neumann Garcia (UFRGS)
“Orientalismos Periféricos: breve estudo da presença literária do Japão no Brasil – Andrei Cunha (UFRGS)
“Algumas considerações sobre a tradução da obra de José J. Veiga para a língua inglesa” – Elizamari Rodrigues Becker (UFRGS)

Mesa 3: Imagem e interdisciplinaridade – Dia 10/10, das 11h30min às 13h. Local: auditório ILEA
Coordenadora: Claudia Luiza Caimi
“Conhecimento e imagem em Walter Benjamin”Claudia Luiza Caimi (UFRGS)
“Imagens apesar de tudo: os paradoxos da representação da catástrofe” – Antonio Barros (UFRGS)
“As águas da memória e do esquecimento em Lara de Lemos” – Cinara Pavani (UFRGS)
“Imagem no teatro: leitura de uma cena de TRILOGIA PERVERSA, de Ivo Bender” – Márcia Ivana Lima e Silva (UFRGS)
“Octávio Paz e Walter Benjamin: ler a imagem, proliferar a imagem” – Keli Cristina Pacheco (UEPG)


Comunicações por eixos temáticos

Dia 08 de outubro (segunda-feira), das 11h30min às 13h

Eixo temático 1) Ficções de alteridades – mesa 1 – Local: Sala 120 (IL)
“Memórias de um passado colonial nem tão distante: o conto moçambicano de autoria feminina” – Anselmo Peres Alós (coordenador - UFSM)
“Espaços da alteridade no romance A menina morta de Cornélio Penna” – Guilherme Zubaran de Azevedo (UFMG)
“Travestis, travessões e Colibrí: o neobarroco de Severo Sarduy” – Luciane da Silva Alves (UFRGS)
“Vozes femininas em O outro pé da sereia, de Mia Couto” – Neiva Kampff Garcia (UFRGS)
“A história como trauma: A Mercy e as origens das relações raciais nos Estados Unidos” – Vivian Nickel (UFRGS)

Eixo temático 2) Comparatismo e práticas de ensino – mesa 1 – Local: Sala do Pesquisador (ILEA)
Coordenador: Prof. Dr. Antonio Marcos Vieira Sanseverino (UFRGS)
“Eles testemunham, nós lemos – um projeto de leitura para a Educação Básica” – Caroline Valada Becker (PUCRS)
“Os estudos de literatura comparada na construção da aprendizagem da língua espanhola em escolas municipais de ensino fundamental de Cachoeirinha – RS” – Dogomar González Baldi (UFRGS)
“Retratos de uma disciplina ameaçada: o ensino de Literatura” – Gabriela Fernanda Cé Luft (UFRGS)
“Comparatismo e Estética da Recepção em sala de aula” – Gabriela Rocha Rodrigues (UFPel)

Eixo temático 4) Trânsitos e intercâmbios disciplinares – mesa 1– Local: Sala 205 (Prédio de Aulas)
“A fragmentação na narrativa contemporânea: um passo mais além do literário” – Débora Cota (coordenador - UNILA)
“Espectros, ou o que acontece quando não há mais folhas no caderno” – Gabriela Semensato Ferreira (UFRGS)
“Melancolias do presente: game over” – Kim Amaral Bueno (UFRGS)
Genealogía e Intermedialidad de dos Íconos de la Globalización en América Latina: Machu Picchu y Cataratas de Iguazú – Yazmín López Lenci (UNILA)



Eixo temático 4) Trânsitos e intercâmbios disciplinares – mesa 2 – Local: Sala 213 (Prédio de Aulas)
“Literatura e lutas simbólicas na segunda metade do século XIX: uma perspectiva sociológica” – Rafael José dos Santos (coordenador - UCS)
“Erico Verissimo e José Lins do Rego: história social de contadores de histórias natos” – Fabricio Santos da Costa (UFRGS)
“Literatura e materialismo” – Tiago Martins de Morais (UFRGS)
“Da experiência ao texto: a mímese narrativa em O Tempo e o Vento e Cem Anos de Solidão” – Tiago Pedruzzi (UFRGS)

Eixo temático 5) Olhares e leituras sobre a imagem – mesa 1 – Local: Auditório Pedro Luft (IL)
Dona Cristina perdeu a memória: diferenças de decupagem no roteiro e no curta” – Sandro Martins Costa Mendes (coordenador - Unipampa)
“Um sussurro nas telas: a transposição do horror cósmico de H.P. Lovecraft para o cinema” – Daniel Iturvides Dutra (UFRGS)
“Encontros e tensões entre imagens-textos de La Jetée photo e ciné-roman de Chris Marker” – Lídia Aparecida Rodrigues Silva Mello (UFRGS)
“Um tiro nas suas cabeças é a solução para curar sua fome eterna – Monstros ou ciborgues? Mortos vivos e pós-humanidade em Resident Evil e The Walking Dead, duas produções audiovisuais” – W. Julián Aldana (UFRGS)
Cinema e literatura e a metáfora do mal em La piel que habito” - Paulo Henrique Pressotto (UEMS)


Dia 09 de outubro (terça-feira), das 11h30min às 13h

Eixo temático 1) Ficções de alteridades – mesa 2 – Sala 120 (IL)
“O Espaço dos seres imaginários” – Vinícius Edilberto Prinstrop (coordenador - UFRGS)
“Mito e poesia em Wole Soyinka e Wallace Stevens” – Adriano Moraes Migliavacca (UFRGS)
“A fantasia em O mandarim e em Memórias póstumas de Brás Cubas: um lamento e uma busca pela alteridade” – Gisélle Razera (UFRGS)
“Ambivalências do sujeito: figurações do duplo em Dois irmãos, de Milton Hatoum” – Mariana Jantsch de Souza (UFPel)
“A geografia do estrangeiro em ‘Andamios’ de Mario Benedetti e ‘En cualquier lugar’ de Marta Traba. Leituras da memória e do exílio” – Neiva Maria Graziadei Fernandes (UFRGS)

Eixo temático 4) Trânsitos e intercâmbios disciplinares – mesa 3 – Local: Sala 213 (Prédio de Aulas)
“Literatura Comparada, Estudos Interartes e Estudos Intermídias: trânsitos e intercâmbios disciplinares” – Neurivaldo Campos Pedroso Junior (coordenador - UEMS)
“Matraga e João de Santo Cristo: um diálogo entre a novela ‘A hora e a vez de Augusto Matraga’, de João Guimarães Rosa e a canção ‘Faroeste Caboclo’, de Renato Russo” – Giselle Carvalho de Oliveira (UFF)
“Discutindo Literatura e Arte na Música: uma análise sobre o conto O Machete, de Machado de Assis” – Luís Fernando Kalife Júnior (PUCRS)
“Do melodrama ao romance – o texto espetacular e a narrativa” – Paula Fernanda Ludwig (UFSM)

Eixo temático 4) Trânsitos e intercâmbios disciplinares – mesa 4 – Sala do Pesquisador (ILEA)
Coordenador: Profa. Dra. Maria Luiza Berwanger da Silva (UFRGS)
“Tempo da escrita, lugar do pensar” – Ana Lúcia Beck (UFRGS)
“Literatura Comparada e Teatro: o Onde se desenvolve o diálogo” – Bia Isabel Noy (UFRGS)
“A fábula do lugar no samba” – Cristiane Marques Machado (UFRGS)
“Melancolia, memória e subjetividade: figurações” – Giele Rocha Dorneles (UFRGS)

Eixo temático 5) Olhares e leituras sobre a imagem – mesa 2 – Local: Auditório Celso Luft (IL)
“Van Gogh: a explosão pacífica” – Daniel de Oliveira Gomes (coordenador - UNICENTRO – PR)
“Relações de Água Viva com a pintura” – Anderson Hakenhoar de Matos (UFRGS)
“Enlouquecendo o subjétil: a narrativa visual de Extremely loud & incredibly close” – Fernanda Borges (PUCRS)
“A escrita literária na confluência de linguagens estéticas: leitura transtextual do conto ‘Cenários’, de Sérgio Sant´anna” – Patrick Tedesco (UFPel)
“O olhar fotográfico e a construção da imagem escrita em Lobo Antunes: uma leitura da memória” – Tatiana Prevedello (UFRGS)

Eixo temático 5) Olhares e leituras sobre a imagem – mesa 3 – Local: Sala 205 (Prédio de Aulas)
João Ternura: entre a palavra, a imagem e o sonho” – Cláudia Camardella Rio Doce (coordenador - UEL)
“Literatura e Cinema: uma leitura comparatista entre Jane Eyre, Pride and Prejudice, Lost in Austen, Bride & Prejudice e Austentland” – Andréa de Cássia Jardim Rehm (UFRGS)
“A escrita multimeios de Samuel Beckett: Film (1963-64), entre a imagem e a palavra” – Mauro de Araújo Menine Jr (UFRGS)
Não Me Abandone Jamais: uma releitura da distopia clássica” – Renata Pires de Souza (UFRGS)


Dia 10 de outubro (quarta-feira), das 11h30min às 13h

Eixo temático 1) Ficções de alteridades – mesa 3 – Sala 120 (IL)
“O mito da nação n’Os lusíadas e n’O Uraguai” – Maiquel Röhrig (coordenador - UFRGS)
“Quando um não basta: desenraizados e multienraizados” – Gissela Mate (PUC-SP)
Nação crioula: o Caliban no próspero, o alheio no próprio” – Gustavo Henrique Rückert (UFRGS)
“Que Timor é este na obra de Luís Cardoso?” – Priscilla de Oliveira Ferreira (UFRGS)
“Por uma literatura canadense sul-asiática: a contribuição crítico e criativa de Himani Bannerji” – Rodrigo da Rosa Pereira (FURG)

Eixo temático 1) Ficções de alteridades – mesa 4 – Sala 205 (Prédio de Aulas)
“Imagens do Outro na obra de Katherine Mansfield: um olhar em transformação” – Patrícia Peter dos Santos Zachia Alan (coordenador - UFPel)
“Dizer que não posso saudar-te é saudar-te: Walt Whitman na poesia de Álvaro de Campos e García Lorca” – Carina Marques Duarte (UFRGS)
“O Estado de Natureza em duas narrativas pós-apocalípticas contemporâneas” – Pedro Mandagará (UFRGS)
“A malandragem como identidade em Germano Almeida e Jorge Amado” – Sandra Beatriz Salenave de Brito (UFRGS)
O Cortiço e Gota D’água: as margens de dois rios, assimilações literárias em contextos nacionais” – Tiago Lopes Schiffner (UFRGS)



Eixo temático 3) Tradução e mediação cultural – mesa 1 – Sala do pesquisador (ILEA)
Coordenador: Profa. Dra. Elizamari Rodrigues Becker (UFRGS)
“Nos cruzamentos da selvageria: uma poética do portunhol” – Andréa Terra Lima (UFRGS)
“Agostinho de Hipona: Tratado ‘De Musica’ em seis livros. Introdução, tradução e notas” – Claudiberto Fagundes (UFRGS)
“Narratologia e tradução – narração e construção do personagem em Menina de olho no fundo, de Mario de Andrade” – Cristina Bordinhão (UFRGS)
“Tradução e cultura: uma análise em The bluest eye, de Toni Morrison” – Lucília Teodora Villela de Leitgeb Lourenço (UFRGS)

Eixo temático 4) Trânsitos e intercâmbios disciplinares – mesa 5 – Local: Sala 213 (Prédio de Aulas)
“‘Dos Mistérios’ – uma leitura do ‘Retábulo de Santa Joana Carolina’” – Cláudia Lorena Vouto da Fonseca (coordenador - UFPel)
“Poesia e cotidiano” – Felipe Grüne Ewald (UEL)
“Quando Cortázar dialoga com Benjamin: o duplo e o espelho em Um outro céu e Passagens” – Luís Roberto de Souza Júnior (PUCRS)
“Charles Bovary, officier de santé em Yonville-l’Abbaye durante o século XIX” – Vanessa Costa e Silva Schmitt (UFRGS)

Eixo temático 4) Trânsitos e intercâmbios disciplinares – mesa 6 – Local: Sala 217 (Prédio de Aulas)
“Os Cus de Judas: um relato de guerra ao avesso” – Raquel Trentin Oliveira (coordenador - UFSM)
“Um desejo de movimento: encontro de Barthes e Hilst” – Camila Alexandrini (UFRGS)
“Tensão entre literatura e filosofia: a linha de sutura para a compreensão de uma moral cristã” – Pâmela Cristina Damasceno dos Santos (UFRGS)
“Considerações deleuzianas acerca da literatura em Rosa, de Mário Cláudio” – Viviane Vasconcelos (UFF)

Eixo temático 5) Olhares e leituras sobre a imagem – mesa 4 – Local: Auditório Celso Luft (IL)
“‘A COISA AUTÊNTICA’ À PIRANDELLO: o conto de Henry James como metaliteratura” – Mateus da Rosa Pereira (coordenador - UFRB)
“De Roberto Succo a Roberto Zucco: as imagens reais no processo de construção da obra dramática de Bernard-Marie Koltès” – Fernanda Vieira Fernandes (UFRGS)
“Imagem e forma em Paulo Leminski: das vanguardas do século XX ao contemporâneo” – Juliana Caetano da Cunha (UFRJ)
“Uma leitura de ‘A Imagem’, ensaio de Pierre Reverdy” – Rebeca Schumacher Eder Fuão (UFRGS)

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Cartas de aceite

As cartas de aceite serão em breve enviadas!
PALESTRAS

Palestra 1: " Literatura brasileira e afro-descendência"
Prof. Dr. Eduardo de Assis Duarte (UFMG)
Mediadora: Rita Schmidt (UFRGS)

Palestra 2: "A performatividade, um conceito indisciplinado"
Prof. Dr. Roger Friedlein (Bochum - AL)
Mediadora: Jane Tutikian (UFRGS)

Palestra 3: "Los sistemas de representación en la literatura argentina. La eficacia cultural del verosímil. Siglo XIX, XX y XXI"
Profa. Dra. Nancy Fernández (Mar del Plata - AR)
Mediadora: Rita Lenira de Freitas Bittencourt (UFRGS)

Palestra 4: "Vira e mexe, comparatismo. Do romance total ao comparatismo planetário"
Prof. Dr. Biagio D’Angelo (PUCRS)
Mediadora: Lúcia de Sá Rebello (UFRGS)

MESAS REDONDAS

1. Olhares e leituras sobre a imagem
Introdução - Michael Korfmann (UFRGS) - Coordenador
Releituras contemporâneas de guerras do século XIX na literatura e no cinema - Elcio Loureiro Cornelsen (UFMG)
Amazônia: região universal e teatro do mundo - Marcel Vejmelka (Universidade de Mainz – Alemanha) via Skipe
Rupturas na literatura e no filme - Sonja Arnold (DAAD – Alemanha)

2. Ficções de alteridades
Pensando a literatura comparada enquanto campo de inovação e singularidade - Rita Terezinha Schmidt (UFRGS)
O Brasil dos anos 1930 segundo dois exilados - Regina Zilbermann (UFRGS)
Ficção e realidade da alteridade: Levinas e a linguagem - Ricardo Timm de Souza (PUCRS)
Epistemologia, literatura e alteridade: problematizações no campo dos estudos africanistas - Anselmo Perez Alós (UFSM) - Coordenador

3. Tradução e mediação cultural
Reflexões sobre a tradução através do Quixote - Vitor Manuel de Lemus (UFRJ)
Adaptação cinematográfica: revitalizando o legado literário em polissistemas culturais convergentes. Elaine Bastos Indrusiak (UFRGS)
História literária e tradução: Henry Lawson e o "regionalismo" brasileiro - Ian Alexander (UFRGS)
Lê-se o que se quer ler. Questões em torno da tradução cultural - Gerson Neumann (UFRGS) - Coordenador

4. Trânsitos e intercâmbios disciplinares
A crítica brasileira de poesia contemporânea. Velhos debates outras máscaras - Susana Scramim (UFSC)
A intertextualidade interdisciplinar: A literatura Fantástica como precursora da psicanálise - Marta D’Agord (UFRGS – Psicologia)
Intercâmbios entre Teoria da Literatura e Teoria da Arte: o paradigmático caso dos "Estudos Visuais" - Daniela Kern (UFRGS – Artes)
Poéticas da/na estrada: de ouriços e pirilampos - Rita Lenira de Freitas Bittencourt (UFRGS)
Maria Luiza Berwanger - Coordenadora
COMUNICAÇÕES COORDENADAS

Mesa 1: Ficções de alteridade
Coord. Gilda Neves da Silva Bittencourt
Alteridade nos contos de Milton Hatoum - Gilda Neves da Silva Bittencourt
Identidades latino-americanas sob a força motriz do deslocamento sociocultural - Leoné Astride Barzotto (UFGD)
Cidades heróicas e suas covardias históricas - Carlos Garcia Rizzon (Unipampa)
As musas de Claudel e Virgílio - Rodrigo de Lemos (UFCSPA)
A reconfiguração do centauro dos pampas na narrativa gauchesca de Silvina Ocampo - Rafael Eisinger Guimarães (UFRGS)

Mesa 2: Tradução
Coord. Sara Viola Rodrigues
Literatura, Tradução e Caleidoscópio - Sara Viola Rodrigues (UFRGS)
Tradução literária e seus desdobramentos: aspectos culturais e narratológicos da versão para o inglês de Contos de Belazarte de Mário de Andrade: terceira etapa - Rosalia Neumann Garcia (UFRGS)
Orientalismos Periféricos: breve estudo da presença literária do Japão no Brasil.
Andrei Cunha (UFRGS)
Algumas considerações sobre a tradução da obra de José J. Veiga para a língua inglesa - Elizamari Rodrigues Becker (UFRGS)

Mesa 3: Imagem e interdisciplinaridade
Coord. Claudia Luiza Caimi
Conhecimento e imagem em Walter Benjamin - Claudia Luiza Caimi (UFRGS)
Imagens apesar de tudo: os paradoxos da representação da catástrofe - Antonio Barros (UFRGS)
As águas da memória e do esquecimento em Lara de Lemos - Cinara Pavani (UFRGS)
Imagem no teatro: leitura de uma cena de TRILOGIA PERVERSA, de Ivo Bender - Márcia Ivana Lima e Silva (UFRGS)
Octávio Paz e Walter Benjamin: ler a imagem, proliferar a imagem - Keli Cristina Pacheco (UEPG)

MINICURSOS
1. Literatura e cinema: mídias confundidas, abordagem transdisciplinar (João Manuel dos Santos Cunha – UFPEL)
2. Limiarologia (Ricardo de Araujo Barberena – PUCRS)
3. Literatura e Ensino (Regina Silveira - UNIRITTER)

LANÇAMENTO DE LIVROS (lista parcial)
Nancy Fernández. Experiencia y escritura. Sobre la poesia de Arturo Carrera (Rosario: ed. Beatriz Viterbo, 2008
H. Berg (comp.) Papeles en progreso. Notas sobre literatura argentina (Mar del Plata: Digital Print/ Universidad Nacional de Mar del Plata)

Programação

Data/ Horário
Segunda-feira, 08 de outubro de 2012
Terça-feira, 09
de outubro de
2012
Quarta-feira, 10 de outubro de 2012
08h30min
Mesa Redonda 1
Olhares e leituras sobre a imagem
Introdução - Coord. Michael Korfmann (UFRGS)
Releituras contemporâneas de guerras do século XIX na literatura e no cinema - Elcio Loureiro Cornelsen (UFMG)
Rupturas na literatura e no filme - Sonja Arnold (DAAD)
Amazônia: região universal e teatro do mundo - Marcel Vejmelka (Universidade de Mainz) via Skipe
Palestra 4
Biagio D'Angelo
(PUCRS)
"Vira e mexe, comparatismo. Do romance total ao comparatismo planetário"
Mediadora: Lucia Rebello (UFRGS)
09h
Abertura
Auditório ILEA
10h
Palestra 1
Eduardo de Assis Duarte
(UFMG)
"Literatura Brasileira e afro-descendência"
Mediadora: Rita Schmidt (UFRGS)
Palestra 3
Nancy Fernández
(Univ. La Plata -AR)
"Los sistemas de representación en la literatura argentina. La eficacia cultural del verosímil. Siglo XIX, XX y XXI"
Mediadora: Rita Lenira Bittencourt (UFRGS)
Mesa Redonda 3
Tradução e mediação cultural
Reflexões sobre a tradução a través do Quixote - Vitor Manuel de Lemus (UFRJ)
Adaptação cinematográfica: revitalizando o legado literário em polissistemas culturais convergentes.
Elaine Bastos Indrusiak (UFRGS)
História literária e tradução: Henry Lawson e o "regionalismo" brasileiro - Ian Alexander (UFRGS)
Lê-se o que se quer ler. Questões em torno da tradução cultural - Gerson Neumann (UFRGS) - Coord.
11h30min–13h
Comunicações
Coordenadas (ILEA)
Eixos (Luft, Salas 120, 205, ...)
Comunicações
Coordenadas (ILEA)
Eixos (Luft, Salas 120, 205,...)
Comunicações
Coordenadas (ILEA)
Eixos (Luft, Salas 120,
205, ...)
Almoço
Almoço
Almoço
14h30min – 16h15min
Palestra 2
Roger Friedlein
"A performatividade um conceito indisciplinado"
Mediadora: Jane Tutikian (UFRGS)
Mesa Redonda 2
Ficções de alteridades
Pensando a literatura comparada enquanto campo de inovação e singularidade - Rita Terezinha Schmidt (UFRGS)
O Brasil dos anos 1930 segundo dois exilados - Regina Zilbermann (UFRGS)
Ficção e realidade da alteridade: Levinas e a linguagem - Ricardo Timm de Souza (PUCRS - Filosofia)
Epistemologia, literatura e alteridade: problematizações no campo dos estudos africanistas - Anselmo Peres Alós (UFSM) - Coord.
Mesa Redonda 4
Trânsitos e intercâmbios disciplinares
A crítica brasileira de poesia contemporânea. Velhos debates outras máscaras - Susana Scramim (UFSC)
A intertextualidade interdisciplinar: A literatura Fantástica como precursora da psicanálise - Marta D’Agord (UFRGS – Psicologia)
Intercâmbios entre Teoria da Literatura e Teoria da Arte: o paradigmático caso dos "Estudos Visuais" - Daniela Kern (UFRGS – Artes)
Poéticas da/na estrada: de ouriço, e pirilampos - Rita Lenira de Freitas Bittencourt (UFRGS)
Maria Luiza Berwanger - Coordenadora
16h45min–18h
Minicursos:
1. João Manoel dos Santos Cunha (UFPEL)
"Literatura e cinema: mídias confundidas, abordagem transdisciplinar"
2. Ricardo Barberena
(PUCRS)
Limiarologia
3. Regina Silveira
(Uniritter)
Literatura e ensino
Minicursos:
1. João Manoel dos Santos Cunha (UFPEL)
"Literatura e cinema: mídias confundidas, abordagem transdisciplinar"
2. Ricardo Barberena
(PUCRS)
Limiarologia
3. Regina Silveira
(Uniritter)
Literatura e ensino
Minicursos:
1. João Manoel dos Santos Cunha (UFPEL)
"Literatura e cinema: mídias confundidas, abordagem transdisciplinar"
2. Ricardo Barberena
(PUCRS)
Limiarologia
3. Profa. Dra Regina Silveira
(Uniritter)
Literatura e ensino
18h
Encerramento e Lançamentos de Livros
Auditório ILEA

Apresentação

V Colóquio Internacional Sul de Literatura Comparada

Fazeres Indisciplinados

JUSTIFICATIVA DO TEMA

A expressão Fazeres indisciplinados traz em si duas ideias muito caras à Literatura Comparada. De um lado, o adjetivo “indisciplinado”, foi prontamente adotado pelos estudiosos comparatistas que, invertendo sua significação originalmente negativa, o transformaram em um termo que definiria de forma bastante precisa a inquietação que sempre acompanhou as questões teóricas e metodológicas da área. Assim, longe de ser tomado como algo pejorativo, o traço de “indisciplina” da Literatura Comparada indica não só uma insatisfação com conceitos e propostas estagnadas dentro dos seus limites de atuação como também uma busca incessante por interações e diálogos com outras áreas, limítrofes ou distantes.

Se a “indisciplina” pode ser vista como uma das marcas do pensamento comparatista, ela igualmente orienta as práticas que resultam desse pensamento, guiando o pesquisador, o professor, o estudioso de Literatura Comparada em seus fazeres. A indisciplina fez com que o comparatismo ressaltasse a importância das trocas simbólicas realizadas entre textos e autores de culturas e países distintos quando os estudos literários impregnavam-se de um nacionalismo redutor. A indisciplina direcionou a atenção do comparatismo para a tessitura da obra e as relações intertextuais quando os olhares voltavam-se obsessivamente para as leituras que comprovariam as influências de determinado escritor. A indisciplina revelou ao comparatismo o papel crucial que as demais artes e áreas do conhecimento desempenham nas obras quando os estudiosos sustentavam que apenas a literatura bastava para compreender a literatura.

Muito embora o questionamento constante sobre o próprio pensar e fazer tenha marcado, desde o início, a história da Literatura Comparada, hoje novas perguntas se impõem: Qual o seu papel dentro e fora da esfera acadêmica? Que importância possuem as obras literárias e a crítica comparatista no mundo contemporâneo? Como pensar e como agir nessa nova realidade, marcada pela interatividade, simultaneidade e virtualidade? O século XXI trouxe um novo cenário e uma nova ordem de relacionamentos que ainda buscamos compreender. E no esforço do ser humano para compreender a si e aquilo que o rodeia, a crítica comparatista desempenha um relevante papel, do qual não pode se furtar. Sempre voltada ao outro, sempre valorizando a heterogeneidade, sempre superando e questionando fronteiras, a Literatura Comparada deve, mais do que nunca, manter-se “indisciplinada” na sua teoria e na sua prática, observando a partir de ângulos inusitados, propondo leituras inovadoras, sugerindo aproximações inquietantes, transpondo os limites do óbvio e, acima de tudo, questionando o seu papel na cena contemporânea.

SUBTEMAS

1) Ficções de alteridades

Possibilitar o contato com o Outro, o conhecimento de povos, culturas e visões de mundo que estão além das fronteiras que delimitam nosso espaço político e simbólico; se a literatura possui alguma razão de ser, essa certamente tem sido uma delas. É fato que a relação com o estranho, com o estrangeiro, com o diferente sempre foi complexa, mas o século XXI trouxe elementos que, se dúvida, problematiza ainda mais esse cenário. A mundialização da cultura e o imediatismo oferecido pelas novas ferramentas de comunicação ampliaram infinitamente nossos horizontes, multiplicaram as alteridades e, curiosamente, trouxeram o outro para mais perto de nós. Porém, na mesma medida, a contemporaneidade também se fecha ao alheio, em movimentos menos propensos a aceitar as diferenças, estejam ela próximas ou distantes. Diante desse quadro, o comparatismo, que tem a abertura ao outro como um de seus paradigmas centrais, assume uma importância crucial para discutir as configurações estéticas desse outro na literatura e no consequente reflexo que estas construções têm na construção do imaginário acerca da alteridade. Tal discussão é o que propõe este eixo temático.

2) Comparatismo e práticas de ensino

Consolidada já há 25 anos como disciplina acadêmica no âmbito brasileiro, a Literatura Comparada tem sido, ao longo desse tempo, placo de importantes e produtivas discussões, não apenas sobre a literatura, mas também sobre produtos e manifestações culturais. Contudo, se a pesquisa e a atividade crítica colocaram o Brasil no mapa do comparatismo mundial, o retorno dessa produção para a atividade pedagógica não é assim tão notório. Como as leituras comparatistas podem contribuir para uma compreensão renovada e crítica da literatura nos bancos escolares? Qual o papel dessa disciplina na formação dos nossos estudantes de graduação e pós-graduação, que se preparam para tornarem-se também professores? Que práticas teórico-metodológicas podem resultar de uma abordagem comparada? Essas são algumas das questões que o presente tópico busca formular.

3) Tradução e mediação cultural

Não se trata mais de uma questão apenas teórica ou facilmente definida como apátrida: o fazer tradutório, no Brasil, cresceu enorme e repentinamente no século XXI, levantando uma série de questões importantes para a Literatura Comparada, como a definição de literatura e de cânone mundial; o status (ou não) da literatura como valor universal; como nós vemos o outro; e que outro escolhemos ver/traduzir. Uma questão recorrente ganha nova força com a maior visibilidade conquistada pela profissão de tradutor: a tradução de obras literárias é literatura? E assim sendo, pertence ao sistema literário nacional? Tendo, em seus estudos, a literatura do outro como um dos objetos principais de investigação, o fazer comparatista sempre esteve muito próximo das questões envolvidas no ato de traduzir. As relações entre a Literatura Comparada e os Estudos de Tradução, contudo, são bastante complexas e o diálogo entre as duas áreas, por vezes, é permeado por polêmicas. Sem deixar de olhar, de forma crítica, para o histórico dessa relação, este eixo temático propõe uma discussão do papel da tradução nos estudos comparados desenvolvidos no contexto multicultural e globalizado do século XXI, e problematizar conceitos carregados de ideologia e promessa, como Weltliteratur, world literature e république mondiale des lettres.

4) Trânsitos e intercâmbios disciplinares

A troca de saberes e o diálogo teórico-metodológico entre os estudos literários e as demais áreas do conhecimento são, há muito tempo, marcas importantes dos estudos comparados. Muito antes de a interdisciplinaridade se tornar um jargão, usado às vezes de forma gratuita, nos discursos acadêmicos e escolares, a Literatura Comparada, com um toque de indisciplina, lançou seu olhar para além dos muros da especialidade e buscou, nas áreas vizinhas, suporte para melhor compreender e abordar seu próprio objeto. Mas, diante de uma certa banalização e superficialidade no uso do termo, a interdisciplinaridade propõe hoje, para a Literatura Comparada, o desafio de aprofundar o intercâmbio entre as disciplinas, estabelecendo entre elas um trânsito de mão dupla, que vá além da mera verificação de ecos e sombras, e possibilite, a partir do entrecruzamento de uma obra literária com determinada manifestação, seja ela artística ou científica, abordar de modo mais amplo questões éticas, estéticas e epistemológicas acerca dos nossos fazeres e saberes, retornando ao literário em processo de enriquecimento, complexificação e intensidade.

5) Olhares e leituras sobre a imagem

Que pontos de convergência e de divergência podem ser estabelecidos entre os atos de olhar e de ler? Se a leitura do crítico é, muitas vezes, tida como um “olhar” mais detido em relação a um ou mais textos literários, a partir da lente oferecida por teorias específicas, a imagem, estática ou em movimento, se oferece ao espectador uma possibilidade de “leitura” de questões profundas levantadas por uma pintura, uma fotografia, um filme, etc., que, pelo viés da crítica, se aproximam e se distanciam da literatura. Podem manifestações estéticas tão peculiares e singulares serem aproximadas pelo elemento unificador do olhar? As ideias do texto como produtor de imagens, a serem analisadas pelo crítico, e das artes da imagem como geradoras de um texto, a ser interpretado, seriam possibilidades metodológicas enriquecedoras? O que, por exemplo, a teoria das artes visuais, teatro ou cinema, ou a teoria dos media, pode colocar em funcionamento no processo na relação com os textos? Essas, dentre outras questões, orientam as discussões propostas por esse eixo temático.